Primeira Irmã Operária brasileira
Quem é irmã Isabel?
Irmã Maria Isabel Santana de Souza é uma mulher que, aos 18 anos de idade, deixou-se seduzir pelos exemplos e testemunhos das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, através da presença das três primeiras Irmãs Operárias que chegaram ao Brasil: irmã Clara, irmã Liliana e irmã Serafina, chegaram ao Brasil no dia 17 de junho do ano de 1987 na cidade de Guarulhos.
Filha de Everaldo e Maria, nasceu na cidade de São Pedro do Ivaí, no estado do Paraná, em 09 de março de 1969. Foi batizada na Igreja São José, comunidade da Paróquia São Pedro Apóstolo, no dia 13 de julho de 1969. Estudou em Escola Rural até aos 12 anos e em Escola distrital a partir desta idade e, contemporaneamente, durante toda a infância e a adolescência, trabalhou na roça e se “alimentou do mato” até seus 17 anos.
Com esta idade, em março de 1986, mudou-se para a cidade de Guarulhos no Estado de São Paulo, onde passou a residir com sua irmã mais velha. E, imediatamente iniciou seu trabalho de operária em fábrica, numa indústria farmacêutica pelo período de quase 4 anos.
Atualmente, completando 25 anos de consagração, continua fiel aos ideais cristãos, aspirados na sua juventude e que se tornaram fecundos com a consagração religiosa.
Sua decisão vocacional
Precisamente com 18 anos de idade, ascendeu-lhe o desejo de consagração total a Deus por meio da vida religiosa ao conhecer as Irmãs Operárias, recém-chegadas à Paróquia Santo Alberto Magno onde residia. Na adolescência, este desejo já havia aparecido, mas carente de forma e precisão. A partir de então, frequentando a casa das Irmãs Operárias, passou a fazer um longo e profundo discernimento vocacional que consistia em fazer encontros vocacionais na Paróquia e Diocese, em acompanhar as irmãs na sua missão, em ir dormir nos fins de semana na casa das irmãs. Foi um tempo longo porque as irmãs, tendo pouco tempo de Brasil, não se achavam preparadas para acolher tão rápido uma vocação brasileira.
Em março de 1991 iniciou o aspirantado, primeira etapa do caminho de formação dentro da comunidade das irmãs. Em 15 de agosto de 1993 iniciou o noviciado passando a residir na cidade de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte/MG, comunidade recém-fundada, em abril de 1993. Em 20 de agosto de 1995, foi celebrada a sua primeira “Profissão Religiosa”, em Guarulhos. Fez teologia em Belo Horizonte entre 1996 e 1998. De fevereiro de 1999 a março de 2000 morou na Itália, retornando para o Brasil para a preparação aos votos perpétuos na comunidade de Guarulhos. Nesse tempo, irmã Isabel também ajudou a gestar a nova comunidade de Barueri, fundada em 2001, a qual ajudou a fundar após a Profissão Perpétua, realizada em 03 de novembro de 2000. No ano de 2003 retornou para a comunidade de Contagem.
Em 2011, tornou-se mestra de noviças depois de ter feito um itinerário de preparação através da Escola de formadores em Belo Horizonte. Nesse tempo de consagração, trabalhou em várias realidades como operária: no noviciado, em indústria farmacêutica; na indústria de costura, logo após a primeira profissão; na limpeza do Metrô, e depois no chão de fábrica em metalúrgica; recepcionista e telefonista em Escritório virtual, faturista em fábrica de plástico e, há 14 anos como oficial na justiça mineira.
Por que ser uma irmã Operária?
Eu disse que na adolescência senti o desejo de dar-me inteira a Deus e que aquele desejo era sem forma e precisão e, por isso, era também incompreensível para mim. Encontrar as irmãs Operárias em Guarulhos, estado de São Paula, aliás, preparar-me com a paróquia para recebê-las foi reencontrar (agora, com mais precisão) aquele desejo primeiro de consagração. Foi automaticamente e tão natural como pôr um pingo no “i”. O pingo pertence ao i e basta. Identifiquei-me com aquela missão, me apaixonei por aquela missão, senti como que aquela era a minha missão e, quanto mais a vivesse profundamente, mais me encontraria profundamente. Eu digo que nasci trabalhadora, pois, segundo minha mãe, quando eu era bebê, ela me levava numa rede para a roça e, enquanto trabalhava, eu estava na rede debaixo da árvore e meus irmãos me balançavam caso eu chorasse.
Assim são minhas raízes de Irmã Operária, já na roça desde bebê. E aí, trabalhar é mover o mundo com Deus, viver a transformação do ofertório do mundo para que se transforme em Deus, em pão para os irmãos. Dar sentido ao trabalho dos colegas. Consumir-se no suor e cansaço do trabalho, voltar mole e fragmentada do trabalho para casa e se repor no seio da comunidade, na oração e no encontro com Deus. Entregar cada colega a Deus é dar sentido e acreditar que o mundo pode se mover, nas suas multidões de diferentes profissões, em direção ao Reino. E mais, as forças no trabalho se movem em sentido contrário, mas nossa presença precisa ser constante luta e ao mesmo tempo sentinela do e pelo Reino.
Compromisso com a pobreza (trabalho com os presidiários):
Meu trabalho com os presidiários foi uma experiência fortíssima, de 2010 a 2014, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, junto à Pastoral Carcerária. Aprendi demais com o método de organização desta pastoral. Aprendi demais com cada vida, cada história escutada atrás das grades; ou dentro, trancados com e em meio a eles, quando ainda podíamos entrar no pátio no banho de sol. Um mar de necessidades e solicitações que parecíamos não dar conta de responder a tudo, a tantos pedidos, a tanta urgência.
Uma castidade fecunda (mundo do trabalho e trabalho com a juventude)
Do meu trabalho disse acima. Juventude é outra minha paixão. No aspirantado, trabalhava com a catequese de crianças e as amava. Ganhei muitos filhos na catequese. No postulantado ajudei com outro jovem a fundar um grupo e me apaixonei pela juventude. Este é um de meus modos de amar. Desde então, por onde passei, sempre trabalhei com juventude e grupos de jovens. De cada lugar tenho lembranças bonitas, desde meu período de formação inicial, até hoje. Antes de assumir a formação interna na congregação, os dois polos que consumia minha energia e onde consumia meu amor a Deus era o mundo do trabalho e a juventude. Neste trabalho, a gente vai se tornando sempre de novo mãe e avó, porque os jovens amadurecem e casam, e vêm outros, que também amadurecem e casam…
Um serviço obediente (serviços desempenhados na congregação)
Todos os serviços foram e são da e na congregação, mas os serviços internos mais exigentes foram assumir a coordenação da casa em 2008, assumir a formação em 2011 (mesmo que antes, de algum modo, tendo uma jovem em casa quando se coordena a casa se assume a formação, porém sem a nomeação para a função), e assumir o papel de conselheira de delegação. Serviços assumidos totalmente confiando em Deus e pedindo que Deus faça o bem a partir das minhas limitações, visto meus tantos limites.